BASÍLICA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO BOM SUCESSO DE CACONDE
- caconde2025
- 6 de mar.
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IN DOMINIIS TUIS
A Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição do Bom Sucesso é templo e sede da Paróquia Santuário Nossa Senhora da Conceição de Caconde, criada em 19 de março de 1775, completando, portanto, 250 anos, neste ano da graça de 2025.
O brasão basilical, que encima seu frontispício, obra do entalhador cacondense Moacir Maguim, tem como lema “In dominiis tuis”, “em teus domínios”, porque todo o território de Caconde, por doação régia da coroa portuguesa, pertence à Imaculada Conceição.
A veneranda imagem de Nossa Senhora da Conceição do Bom Sucesso, padroeira de Caconde e da Basílica, está em um nicho ao lado do presbitério, à esquerda de quem entra. Esculpida em madeira policromada, em estilo barroco colonial típico do século XVIII, mede 50 cm, e representa a Imaculada Conceição de Maria, com seus tradicionais símbolos: a lua de prata, o globo terrestre, e os anjos aos pés. Acima do nicho, a Umbela Basilical, símbolo da união espiritual da Basílica com a Santa Sé Apostólica; à esquerda, o Tintinábulo, símbolo da ligação espiritual da Basílica com o Pontífice Romano. No altar-mor, as veneráveis relíquias dos santos mártires Donato e Pancrácio
A Basílica está indelevelmente ligada à memória de seu primeiro reitor, Padre José Ivan Rocha Gandolfi. Foi a meta dele.
Ele conseguiu primeiramente a elevação da Matriz a Santuário, em 2004; depois, em 2006, alcançou da Santa Sé um vínculo de afinidade espiritual com a Basílica Pontifical de Santa Maria Maior, em Roma; finalmente, obteve a elevação a Basílica Menor, em 2008.
Padre Ivan sempre quis ser tão somente “padre”, não o atraíam outros títulos. Mas, por dever de ofício, tornou-se “reitor” da Basílica, o que manifestamente era do seu agrado, e nas solenidades ostentava com orgulho a batina especial e o solidéu.
Durante seus 44 anos de pastoreio, um senso nato de cooperação e organização permitiram-lhe manter, incentivar e orquestrar inúmeras realidades pastorais. Sua caminhada pessoal de fé, contudo, foi o Caminho Neocatecumenal, que percorreu em Caconde, em todas as suas etapas, como irmão e presbítero celebrante.
Atingido pela covid, pediu: “Rezem por mim. Espero sair vivo desta”. Mas, na tarde de 11 de maio de 2021, Deus o chamou pelo nome e o introduziu no descanso.
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Os católicos temos a graça de venerar Maria, contemplando-a em imagens sagradas. Ela própria tem demonstrado com milagres quanto lhe agrada essa devoção. As igrejas e imagens erguidas em sua honra são, segundo São João Damasceno, cidades de refúgio, onde nos achamos ao abrigo das tentações e castigos que merecemos por nossos pecados.
Nossa Senhora da Conceição é Maria Santíssima, preservada por Deus do pecado original e de todos os pecados pessoais; é a Mãe de Deus, esposa do Espírito Santo; é a Sempre Virgem, antes, durante e depois do parto; é a Cheia de Graça e todos os favores de Deus passam por sua intercessão. O que pedir-lhe, contemplando sua imagem na Basílica que lhe é consagrada?
Segundo Santo Afonso de Ligório, devemos pedir-lhe auxílio em todas as nossas necessidades particulares, nos perigos, nas aflições e tentações, principalmente nas tentações contra a castidade. E neste ano jubilar, peçamos-lhe também que nos faça participantes da “esperança” que sempre a norteou. Diz-nos Santo Afonso: “Aprendamos de Maria como ter esperança em Deus, principalmente no grande assunto da salvação eterna”. E conclui: “Certamente nos há de socorrer a divina Mãe, se a ela recorremos com a Ave-Maria, ou com a simples invocação de seu santíssimo nome, que tem uma força particular contra os demônios”.
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Nas laterais da Basílica estão as duas Marias, telas do pintor cacondense Edmundo Migliaccio.
À esquerda de quem entra, Maria é a Imaculada Conceição. Ela pisa a serpente, porque do fruto de seu ventre vem a vitória de Deus sobre o tentador, sobre o pecado e a morte. A explosão de nuvens dentre as quais ela surge sugere seu nascimento na terra, mas vindo do céu. A veste branca é sinal de sua pureza, o azul do manto faz referência ao céu. As mãos em prece e o olhar voltado para o alto significam sua total consagração ao Senhor e à obra de amor que Ele lhe confiara, bem como sua confiança total naquele para quem nada é impossível. A lua e a coroa de anjos sob seus pés anunciam seu destino glorioso, de estar para sempre acima de todas as criaturas visíveis e invisíveis.
À direita de quem entra, está a Assunção de Maria ao céu, no instante de sua elevação, e na iminência de sua coroação; está sentada num cúmulo de nuvens, sendo alçada ao céu, onde a espera uma coroa de ouro. Suas vestes ganham uma terceira cor, o vermelho, cor dos mártires e da veste real.
As duas Marias de Migliaccio são o alfa e o ômega de Nossa Senhora. Caminhando na Basílica em sentido horário, sua Imaculada Conceição leva a sua Assunção ao céu, de corpo e alma.
Isenta de pecado, Maria não precisaria morrer. No entanto morreu, ou como quer a Tradição, passou pela “dormição”. Por quê? Atrás do altar-mor, no fundo da ábside, está a resposta: entre a Conceição e a Assunção está Cristo crucificado, também de Migliaccio. Para o beato Duns Scotto, Maria “quis” morrer, para conformar-se mais perfeitamente à obra de seu Filho, que, sem pecado, morreu em nosso lugar.
E nós? Podemos ser sem pecado? Podemos estar no céu de corpo e alma?
Sim. A fidelidade ao Batismo que recebemos, a conversão cotidiana, a frequência ao sacramento da Penitência, que é um segundo Batismo, livram-nos do pecado; a ressurreição da carne é só uma questão de tempo: esperar o juízo final.
As duas Marias de Migliaccio têm um sopro sobrenatural, mas são muito humanas. Têm o rosto de uma mulher bonita. Por isso estão muito próximas de nós, homens e mulheres que formamos a nova Mulher, a Igreja, templo e corpo do Senhor. As duas Marias impelem-nos a fazer na Igreja, no Caminho Neocatecumenal, um trajeto iluminado pela Mãe de Jesus: arrepender-nos de nossos pecados, pregá-los na cruz, para que sejamos sem pecado e possa nascer o Cristo em nós, como nasceu nela.
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